Tratando-se de uma abordagem concisa, destinada ao aspecto jurídico-penal, não se pretende incluir as causas primárias, como o desemprego, o desequilíbrio social, a falta de perspectiva no mercado de trabalho, o uso de drogas, o abuso do álcool, dentre outros fatores.

Publicado em Para Guardar

A Associação Juízes para a Democracia - AJD, entidade não governamental, sem fins lucrativos ou corporativistas, que congrega juízes trabalhistas, federais e estaduais de todo o território nacional e de todas as instâncias, e que tem por objetivos primaciais a luta pelo respeito absoluto e incondicional aos valores jurídicos próprios do Estado Democrático de Direito e pela defesa da independência judicial, vem apresentar a presente NOTA a respeito das cotas raciais no Poder Judiciário.

Publicado em Para Guardar

Neste texto de 2013, Breno Altman fala sobre o muro social e a cerca étnica em Israel. De um lado, alguns intelectuais e líderes sionistas mais à esquerda chegam a dizer que Israel caminha perigosamente para um modelo inspirado pelo apartheid sul-africano. Por outro, as correntes mais à direita, no governo, rejeitam a comparação e afirmam que Israel somente se adapta às necessidades do combate ao terror. Apesar de seus muros e cercas, Israel exibe vitalidade econômica e poderio tecnológico. Vive, contudo, os conflitos de um sistema que produz desigualdade social, discriminação étnica e tentação colonial.

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Para Noan Chomsky “as negociações [com os palestinos] fornecem uma cobertura para aquisição dos territórios que Israel pretende controlar e podem poupar os Estados Unidos de mais algum constrangimento na ONU. A implantação dos assentamentos foi minando as perspectivas realistas de se alcançar qualquer autodeterminação palestina significativa”. A autonomia palestina é uma "autonomia como em um campo de prisioneiros, onde os prisioneiros são 'autônomos' para cozinhar suas refeições sem interferência e capacidade de organizar eventos culturais".

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Neste mês de outubro de 2018, exatamente no dia 16, completaram-se 48 anos do mais famoso protesto político feito em um pódio olímpico. Era a premiação dos 200 metros livres nos Jogos Olímpicos do México, em 1968. Dois atletas afro-americanos, Tommie “o Jato” Smith e John Carlos, levantam seus punhos cerrados, envoltos em luvas negras, durante o hino nacional dos Estados Unidos. Os dois faziam parte do OPHR, as iniciais em inglês de Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos. E a saudação havia sido popularizada pelos Panteras Negras, que também neste outubro completariam 50 anos de fundação, não tivessem sido dizimados pelo FBI, com o apoio das polícias locais, que até hoje ocupam as manchetes por assassinar negros. A ação envolveu o governo e a justiça dos EUA no esforço de destruir os Panteras Negras. Mas uma nova geração de militantes negros está nas ruas.

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Gianni Mura, La Republica - 28/06/2012

Não eram dois negros e um branco a exigir respeito e justiça naquele pódio, eram três seres humanos. “É coisa de vocês”, poderia ter dito Norman, mas não disse e nunca se arrependeu e os outros dois também. Todas as coisas que a foto não diz.

Devemos fazer um esforço para não olhar para os dois de cabeça baixa, com os punhos levantados e com luvas pretas, meias pretas e sem sapatos, no pódio. Temos de nos concentrar no atleta da esquerda, branco, olhar em linha reta, braços estendidos ao lado do corpo. Temos que lembrar algumas coisas, que 1968 está perenemente associado ao Maio francês. Em 16 de março, o massacre de My Lai [aldeia vietnamita onde o exército dos EUA assassinou mulheres e crianças], 4 de abril o assassinato de Martin L. King, 5 de junho atinge Bob Kennedy. Adicione a isso, Biafra, os tanques soviéticos sobre a Primavera de Praga, o massacre de Piazza de três culturas [Massacre de Tlatelolco, quando o exército mexicano assassinou mais de 300 estudantes], imediatamente antes de começarem as Olimpíadas do México.

Você tem que saber que a final dos 200 metros foi vencida por Tommie Smith com 19’83’’ (o primeiro a correr abaixo de 20”) antes de Norman (20’06”) e Carlos (20’10”). Carlos partiu mais forte, muito forte. Smith ultrapassou há 30 metros da linha e correu os últimos 10 metros com os braços para cima. Norman aos 100 metros era apenas sexto, chegou por fora ao final, superou Carlos nos últimos metros.

Devemos saber que em 1967, Harry Edwards, sociólogo de Berkeley, voz de barítono, discreto arremessador de disco, fundou o OPHR, o Programa Olímpico para os Direitos Humanos. A ideia era de que os atletas negros boicotassem os Jogos Olímpicos, mas era difícil de realizar. Aqueles que aderissem ao OPHR portavam um adesivo, uma espécie de roseta, e eram livres para expressar seu protesto como quisessem. Smith e Carlos, recebidos na San José [San Jose State University tornou-se a primeira faculdade nos EUA a cancelar um evento esportivo sob a ameaça de protesto racial], pois eram atletas de elite, e os próprios estudantes de Sociologia levavam o adesivo e queriam protestar.

Você também precisa ter uma ideia da idade dos três no pódio. Todos nascidos em junho. Smith no Texas, o sétimo de onze filhos. Ele tinha 24 anos. Seu pai colhia algodão. Norman é o mais velho, tem 26 anos, seu pai, açougueiro, de família muito religiosa e próxima do 'Exército da Salvação’. Carlos tinha 23 anos, filho de um sapateiro, nascido e criado no Harlem.

Logo que desceram do pódio as suas carreiras tinham acabado, queimados, e suas vidas virariam um inferno. Mas eles não sabiam e, se soubessem, não se importavam. Na passagem subterrânea que vai do vestiário ao pódio, Norman acompanhava a preparação dos dois americanos. Tudo é altamente simbólico, a falta de sapatos (indica a pobreza) para o colar de pequenas pedras que Carlos coloca no pescoço (cada pedra é um homem negro que lutou pelos direitos e foi linchado). Smith e Carlos explicam. E Norman diz: “Dê-me um dos adesivos, eu simpatizo com vocês. Nascemos todos iguais e com os mesmos direitos”. Ato contínuo, Norman coloca o adesivo do lado esquerdo do terno.

Há um problema, Carlos esqueceu suas luvas negras no alojamento, enquanto Smith está com as luvas compradas por Denise, sua esposa. “Coloca uma você e a outra você”, recomendou Norman. E eles aceitam a sugestão. Smith levantou o punho direito e Carlos o esquerdo.

“Vocês vão arrepender-se por toda a vida”, disse Payton Jordan, chefe da delegação dos Estados Unidos. Serão expulsos do alojamento, Smith e Carlos. Um vai viver lavando carros, o outro como estivador no porto de Nova York e como segurança no Harlem. Estarão como se tivessem a peste. Na casa de Smith chegam ameaças e encomendas cheias de excrementos, o “exército o despede por indignidade”. Na casa de Carlos ameaças telefônicas a qualquer hora do dia ou da noite. Sua esposa comete suicídio. Só muitos anos mais tarde retornarão a San José, como professores de educação física.

Em 2005, Norman estará com eles, para a inauguração de um monumento lembrando aquele dia no México. Norman na Austrália é excluído. Ele excedeu por 13 vezes o tempo de qualificação para os 200 metros e 5 vezes o de 100 metros, mas em Mônaco, em 1972, não foi enviado para representar a Austrália. Nenhuma explicação. Jogava futebol, mas foi obrigado a abandonar devido a uma lesão no tendão de Aquiles e correu o risco de amputar a perna. Ensinou educação física, participou de atividades sindicais, trabalhou em um açougue. O maior velocista australiano não foi envolvido nas Olimpíadas de Sydney 2000 nem, ao menos, convidado (com o seu tempo de 20’06’’ poderia ter ganhado o ouro).

Doente do coração, morreu em 3 de outubro de 2006. Smith e Carlos foram para Austrália carregar seu caixão, em 9 de outubro. A banda tocou “Carruagens de fogo”. O dia 9 de outubro, tornou-se, por iniciativa dos EUA, o dia mundial de atletismo. O neto Matt filmou um longa metragem sobre seu avô, intitulado “Salute”, (trailer acima, áudio em inglês) contando com poucos financiadores em sua pátria (É uma história envolvendo dois atletas negros). Não eram dois negros e um branco a exigir respeito e justiça naquele pódio, eram três seres humanos. “É coisa de vocês”, poderia ter dito Norman, mas não disse e nunca se arrependeu e os outros dois também. Todas as coisas que a foto não diz.

Traduzido com ajuda do Google Tradutor - sugestões são aceitas para melhorar tradução.

Artigo original em italiano.

Publicado em Economia

Muito se tem falado e escrito sobre a presença do deputado Jair Bolsonaro na Hebraica Rio. Os discursos sempre ressaltam a estupefação de se ver um nazifascista na casa do judeu, numa referência nítida ao holocausto e à política de extermínio de judeus patrocinada pelo regime nazista, que encontra sintonia no discurso racista do parlamentar, aliás, repetido para a plateia da Hebraica. 

Além das barbaridades expelidas por Bolsonaro, a imagem que se sobressai no palco da Hebraica é da bandeira de Israel. E, assim, o quadro de contradição deixa de existir. Pois o discurso misógino, racista, discriminador e pró-violência de Bolsonaro corresponde à prática patrocinada pelo Estado de Israel contra os palestinos no território ocupado no Oriente Médio.

Publicado em Política

Atendendo a um “clamor social”, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu encarcerar os condenados em primeira instância que tiverem as penas confirmadas em segunda instância, antes mesmo de esgotadas todas as possibilidades de recursos e do “trânsito em julgado” da sentença. Mas a imensa maioria das vítimas do sistema carcerário, os jovens pretos, pobres e sem acesso à educação, já são aprisionados antes mesmo da condenação na primeira instância: 41% dos 610 mil prisioneiros do país sequer foram condenados. Alguns poucos “não param de recorrer”, mas a imensa maioria “não tem a quem recorrer”. E uma parcela bem menor sequer precisa recorrer, são os inalcançáveis

Publicado em Sociedade