Atendendo a um “clamor social”, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu encarcerar os condenados em primeira instância que tiverem as penas confirmadas em segunda instância, antes mesmo de esgotadas todas as possibilidades de recursos e do “trânsito em julgado” da sentença. Mas a imensa maioria das vítimas do sistema carcerário, os jovens pretos, pobres e sem acesso à educação, já são aprisionados antes mesmo da condenação na primeira instância: 41% dos 610 mil prisioneiros do país sequer foram condenados. Alguns poucos “não param de recorrer”, mas a imensa maioria “não tem a quem recorrer”. E uma parcela bem menor sequer precisa recorrer, são os inalcançáveis
A Igreja Católica engrossa as fileiras dos que se opõem ao golpe. Depois do comentário do papa, que admitiu até adiar sua visita ao Brasil, Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito da Diocese de Blumenau, durante a homilia de 7 de setembro, fez uma crítica direta ao presidente Michel Temer: “tem gente ai dando interpretação tola e ideologicamente parcial às palavras do papa”. Temer participava da reunião do G20, na China, quando o papa Francisco disse que o Brasil “atravessa um momento difícil”, numa referência ao golpe que destituiu Dilma Rousseff. A notícia foi divulgada pela agência de notícias estatal italiana Ansa, a mesma que já informara, em 2 de agosto, que o papa havia enviado carta à ex-presidente. Dilma confirmou: “digo apenas que não foi uma carta oficial”, ressaltou. “Não foi uma carta do papa em sua condição de representante do Vaticano. Não é uma carta para ser divulgada”.