Segunda, 09 Setembro 2019 18:59

Cai a máscara do partido da Lava Jato

Em 3 de setembro de 2019, o The Intercept Brasil divulgou a pretensão do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Força-Tarefa da Lava Jato, cogitada “durante mais de um ano”, de candidatar-se “ao Senado nas eleições de 2018”. Para conseguir êxito na sua missão redentora “o MPF [deve] lançar um candidato por Estado”, disse o procurador. No dia 7 de setembro foi a vez de revelar que o juiz Sérgio Moro manipulou e editou, segundo seus interesses políticos, trechos de gravações ilegais de conversas da presidenta da República à época, Dilma Rousseff, com o ex-presidente Lula.

O objetivo denunciado à época e confirmado agora, era inviabilizar a nomeação de Lula para o cargo de Chefe da Casa Civil, o que poderia mudar a correlação de forças na sociedade a respeito do governo, devido à sua grande e reconhecida capacidade de articulação política. Mais do que isso, as gravações não reveladas mostravam que Lula já se articulava com setores da sociedade, inclusive com o próprio Michel Temer. Moro atuou em parceira com a Rede Globo de Televisão, que se utilizou do material manipulado para jogar a sociedade contra o ex-presidente, como se sua nomeação tivesse o objetivo de preservá-lo de acusações pretendidas pela Lava Jato. Contou ainda com o apoio de outros juízes partidários e com juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) também envolvido na farsa, seja por ação ou por omissão.

As notícias veiculadas pelo The Intercept desde 9 de junho de 2019 reforçam a denúncia de que a Força Tarefa se movia por interesses políticos partidários. Neste sentido, vale verificar a matéria “O Partido da força-tarefa e a curva da Justiça”, de 11 de julho de 2016.

Considerados ungidos para a missão de combate à corrupção, os lavajateiros não tinham escrúpulos nem limites para usar de todos os meios para atingir seus objetivos, que de fato menos tinha de combate à corrupção, posto que eles mesmos corromperam vários aspectos do direito e da Justiça, e mais tinha de interesse político de impedir que o ex-presidente Lula concorresse às eleições de 2018 e abrisse caminho para forças conservadoras de cunho neoliberal. Ao cabo e ao fim, o que o The Intercept tem revelado é que o que movia e move os lavajateiros é poder e dinheiro. Assim, o partido da Lava Jato não é só conservador, é também fisiologista e aposta numa solução autoritária para o país. 

Dois trechos divulgados pelo The Intercept são bastante significativos desse messianismo partidarizado.

Mensagem trocadas por Dallagnol e a procuradora Luciana Asper, do Distrito Federal, voluntária da campanha pelas dez medidas, em 1º de março de 2017.

Dallagnol – 11:57:18: A verdade é que quero em minha vida, em primeiro lugar, servir a Deus, e a Bíblia coloca que a vida do cristão é como o vento, que não sabe para onde vai. Se um dia decidir tentar [uma candidatura ao Senado], é porque entendi que é o melhor modo de servir a Deus e aos homens e por puro espírito público, porque vontade não tenho.

Luciana Asper Valdir – 13:48:35: Vc ouvirá a voz Dele e Ele te colocará onde Ele precisa para continuar no caminho de restauração do que deveria ser está nação que Ele agraciou com tantas bênçãos e foi tão maltratada pelos líderes até hj. Eu confesso que peço todos os dias a Deus para colocar o poder neste país nas mãos dos filhos Dele, verdadeiros cristãos que queiram dar a prosperidade planejada para este Brasil.

A seguir, fica ainda a sugestão de "As faces de uma mesma Justiça: “não para de recorrer” e “não tem a quem recorrer”, texto foi publicado a partir da decisão do STF de autorizar a prisão de condenados após decisão em segunda instância, em flagrante agressão ao inciso LVII, do art. 5º da Constituição Federal: "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". O texto busca esclarecer a influência da Lava Jato, em particular do juiz Sérgio Moro, que usou seu cacife junto à mídia para forjar uma opinião pública que pressionasse a corte suprema ao analisar o tema. Mais do que isso, o texto aborda a Lava Jato como ferramenta de forças conservadoras no país que apostam na exclusão social e em uma justiça punitivista e elitista, como instrumento de controle social. 

Última modificação em Segunda, 14 Outubro 2019 09:04
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